segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Pecado Capital de Paulinho da Viola, por Verônica Ribeiro..



Pecado Capital, um clássico de Paulinho da Viola , aqui em nova interpretação em clima de samba e maracatu, junto e misturado, na voz da cantora baiana Verônica Ribeiro. Feliz interpretação. Vale a pena conferir.




quarta-feira, 31 de julho de 2013

ENFIM, DISCO CENSURADO DO TAIGUARA SERÁ EDITADO NO BRASIL.

Enfim,  uma das maiores obras da discografia do cantor e compositor urugaui, Taiguara (1945-1996), Ymira, Tayra, Ipy,
chegará ao mercado em formato de CD através da Sony Music. Será a sua segunda edição em CD, já que em 2004 o disco foi lançado no mercado japonês, entretanto, esta será a primeira vez no Brasil. Estará disponível  nas melhores lojas do ramo em agosto deste ano.
Esta obra magnífica, mostra um músico engajado e politicamente consciente bastante diferente do sucessos que  Taiguara  gravou e que foram editados pela Emi Odeon em final dos anos de 1960 e começo dos anos 70.
Esta obra foi lançada originalmente no ano de 1976 pela gravadora Emi Odeon, tendo sido censurada, foi recolhida do mercado tão logo chegou às   lojas por determinação da censura do governo militar de Ernesto Geisel (1907-1996). Taiguara, como muitos artistas da época, também foi  alvo da censura tanto que logo no início dos anos de 1970, exilou-se em Londres. Voltou ao Brasil em 1975, quando começou a conceber Ymira, Tayra, Ipy,  obra de referências indígenas,  inspirada pela leitura do livro Quarup de Antônio Callado de onde Taiguara extraiu os termos em tupi com os quais deu nome ao disco.
Dele participaram estrelas da MPB, como Hermeto Pascoal que assina os arranjos de seis das oito faixas do disco que conta ainda com a participação de músicos como Jacques Morelembaun (violoncelo);Nivaldo Ornellas (sax e flautas); Novelli ( baixo); Toninho Horta (violão); Zé Eduardo Nazário ( bateria e percussão); Quem cuidou da regência e produção foi o maestro Wagner Tiso.
A obra é autoral (exceto três pontas  que é do M. Nascimento F.Brant) e Taiguara optou por assinar com o seu sobrenome uruguaio Chalar da Silva, pensando com isso , enganar a censura . A obra mostra um forte apelo ideológico e social. Vale a pena ouvir, ter e mostrar aos amigos.








quinta-feira, 25 de julho de 2013

Inezita Barroso

Inezita Barroso, cantora e pesquisadora defensora da genuína música sertaneja é sem dúvida, Patrimônio Nacional, uma lenda viva em plena atividade. Dona de portentosos dotes vocais — um timbre grave e forte ainda viçoso aos 76 anos —, ela atua também como divulgadora da música regional, dos temas folclóricos e de composições entre o erudito e o popular, há praticamente 50 anos na ativa. Foi ainda menina que despertou para a música. Aos sete anos, pediu aos caipiras que viviam nas fazendas de sua família que lhe ensinassem a tocar viola — o primeiro dos vários instrumentos que dominaria. Mais tarde, Inezita fez o curso de biblioteconomia na USP e leu tudo o que pôde sobre cultura brasileira. Em 1953, já casada com um homem que felizmente a incentivaria a seguir a profissão de cantora — algo malvisto pela sociedade na época —, estourou com A Moda da Pinga.
Empunhando sua viola (ou seu violão) e sempre com porte de rainha, Inezita gravou dezenas de discos, vendeu muito e jamais se curvou às concessões da indústria do disco. Mantém-se fiel ao estilo que criou há meio século. Como se não bastasse, atuou em sete filmes e foi também uma das pioneiras cantoras a ter um programa de TV, atividade que mantém até hoje. Há 20 anos, ela apresenta o programa de música caipira Viola, Minha Viola que vai ao ar aos sábados, às 22h, e domingo, às 9h, na tela da TV Cultura.
Uma curiosidade da carreira desta cantora, pesquisadora é que ela foi a primeira intérprete da famosa canção RONDA, do Paulo Vanzoline.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Elisete Cardoso sempre divina!

Elizeth: uma voz insuperável

Por Julio Cesar de Barros

Filha de um seresteiro, a cantora Elizeth Cardoso, a Divina, ainda menina ouvia a mãe cantar as músicas românticas que dominavam as ondas do rádio na voz de supercantores, como Francisco Alves e Vicente Celestino. No subúrbio da Zona Norte do Rio de Janeiro, onde nasceu, foi comerciária, operária e cabeleireira, até que em plena adolescência foi convidada a se apresentar no rádio, iniciando uma carreira que só a tiraria de cena em 1990, dois meses antes de completar 70 anos. Elizeth foi a preferida de chorões, como Jacob do Bandolin, que a carregou para o rádio ainda tão jovem, mas se popularizou cantando sambas tradicionais e, principalmente, sambas-canção. Sua voz, doce, delicada, de grande extensão e afinadíssima, encantava o público, mas sobretudo os colegas de profissão. Porte altivo, elegante, séria, tornou-se uma figura admirada sob todos os aspectos. Embora atraída para a música pelo cancioneiro romântico cantado pelos vozeirões que reinavam no rádio de sua infância, Elizeth acabou por imprimir um tom mais sóbrio aos clássicos da seresta, estabelecendo uma serenidade interpretativa que a levou a aproximar-se da fossa, que nos anos 50 infestou bares e boates da Zona Sul do Rio, redutos fortemente influenciados pelo jazz, onde as canções de romantismo derramado perdiam em contundência sonora e ganhavam contornos intimistas, mais apropriados aos ambientes aconchegantes, esfumaçados e regados a uísque. Locais onde até os velhos sambas ficavam mais maneiros, mais bossa, como diziam os cantores do samba sincopado.

Elizeth e Zimbo Trio: Sei lá, Mangueira (Paulinho da Viola e Hermínio B. de Carvalho):


Elizeth passou pela fossa e pela Bossa Nova de maneira natural e, embora longe de ter-se consagrado uma musa da nova onda, o que nunca foi, brilhou no marco do movimento, o disco antológico Canção do Amor Demais (1958), no qual Tom Jobim e Vinícius de Moraes assinam todas as faixas, entre elas alguns eternos exemplares do gênero, como a canção título do LP, além de Chega de Saudade, Serenata do Adeus e mais dez canções. No disco, aparecia um violão que revolucionaria a batida tradicional do samba, com sutis desenhos assimétricos nos acordes, conferindo um andamento originalíssimo a Chega de Saudade e Outra Vez. Por trás do bojo afinado, o baiano João Gilberto. Mais tarde, Tom Jobim justificaria assim, a escolha de Elizeth para gravar o disco: “Elizeth era aquela voz, aquela cantora que a gente ficava feliz quando ouvia”. Nada menos técnico e mais convincente. A verdade é que o novo disco estava ainda impregnado do romantismo que escapava dos vibratos da cantora. Dolores Duran, fiel à fossa, era mais bossa que a Divina. A Bossa dos barquinhos sobre ondas de um mar azul ainda estava por vir. Esse pé no velho samba-canção e no samba rasgado, e outro na moderna Bossa a levaram a apresentar um programa de nome sugestivo na TV Record de São Paulo: Bossaudade (1965).

Com Jacob do Bandolim: padrinho

A longa jornada da cantora até o estrelato é uma saga típica das artistas de seu tempo. Cantou no rádio, contra a vontade da família, um sonho realizado muito cedo. Mas para ganhar a vida teve de apresentar-se em circos, dancings e clubes suburbanos, rebolou e cantou no teatro de revista, foi crooner de orquestra, não sem antes submeter-se à condição de taxi-girl, na luta pela sobrevivência, após um casamento breve e fracassado, no início dos anos 40. Com Grande Otelo, com quem amassou muito barro apresentando o quadro Boneca de Piche pelos circos das periferias longínquas, fez uma de suas famosas duplas, que incluíram ainda temporadas com os renomados Ataulfo Alves e Cyro Monteiro. Seu primeiro disco (Braços Vazios, de Acir Alves e Edgard G. Alves, e Mensageiro da Saudade, de Ataulfo Alves e José Batista) só foi gravado em 1950, e foi um fiasco. Foi recolhido por causa de problemas técnicos. Mas em seguida o compositor e humorista Chocolate deu a ela o primeiro sucesso: Canção do Amor (com Elano de Paula): Saudade/ Torrente de paixão/ Emoção diferente/ Que aniquila a vida da gente/ Uma dor que não sei de onde vem! A repercussão lhe valeu convites para fazer televisão, nos seus primórdios, e números musicais no cinema. Participou de diversos filmes, a partir de então: Coração Materno, de Gilda de Abreu, É fogo na Roupa, de Watson Macedo, O Rei do Samba, de Luís de Barros, Carnaval em Lá Maior, de Ademar Gonzaga, Na Corda Bamba, de Eurides Ramos, Com a Mão na Massa, de Luís de Barros, e Pista de Grama, de Haroldo Costa. No filme Orfeu do Carnaval (1959), de Marcel Camus, Elizeth aparece na trilha sonora com as canções Manhã de Carnaval e Samba de Orfeu.

Manhã de Carnaval, de Luiz Bonfá e Antonio Maria:


Mas sua consagração foi o samba Barracão (Luís Antônio e Oldemar Magalhães, 1953), música que jamais sairia de seu repertório. Seu primeiro LP, Canções à Meia-luz (Continental) só apareceu em 1955, com clássicos da choradeira inspirada que marcou a década, como Canção da Volta (Ismael Neto e Antonio Maria), Nunca Mais (Dorival Caymmi), Só Você… Mais Nada (Paulo Soledade) e Pra que Me Iludir (Norival Reis e Radamés Gnattali). Estava consolidada a carreira da cantora, que passaria o resto da vida reinando na música popular brasileira como a Divina, dama maior da nossa canção. Modelo a ser seguido pelas novas cantoras. Padrão vocal ideal, admirado pelo público, pela crítica e pelos músicos, principalmente. Elizeth deixou uma discografia abundante, tendo participado de inúmeros trabalhos. Entre seus discos mais importantes, estão o já citado Canção do Amor Demais (1958), Naturalmente (1958), Elizeth Interpreta Vinícius (1963), Elizeth Sobe o Morro (1965), A Bossa Eterna de Elizeth & Cyro (1966), A Enluarada Elizeth (1967), Elizeth Cardoso e Zimbo Trio Balançam na Sucata (1968), Elizeth no Bola Preta com a Banda do Sodré (1970), É de Manhã, com Zimbo Trio (1970), Elizeth e Sílvio Caldas (Vol. 1 e 2, 1971), Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim e Zimbo (1977), Elizeth Cardoso (Vol. 1, 2 e 3, 1980), Elizetíssima (1981), Uma Rosa para Pixinguinha (1983), Ary Amoroso (1989). Outro disco que marcou foi resultado de um show realizado em 1968, em recital único no Teatro João Caetano, reunindo Elizeth Cardoso, seu descobridor Jacob do Bandolim, o Zimbo Trio e o conjunto Época de Ouro. O show foi visto por 1.500 felizardos.

Elizeth canta Barracão, samba rasgado:

A consagração de Elizeth poderia ter sido sua escolha por Jobim e Vinícius para interpretar as canções daquele disco marcante, que inaugurou a Bossa Nova. Mas o reconhecimento do público e da crítica já estava cravado. Em sua biografia Elizeth Cardoso, Uma Vida (1994), Sérgio Cabral a apresenta como a ponte entre o samba tradicional e a Bossa de Tom e Vinícius, como que dando à novidade uma chancela de quem vem da raiz. Dela escreveu o crítico musical e pesquisador João Máximo, no jornal O Globo: “A voz morena, a alma seresteira, a emoção em tons certos, a sinceridade de intérprete, nenhum outra esteve tão afinada com o estilo brasileiro de cantar música popular romântica”. No ano 2000, o Jornal do Brasil se referiu assim à cantora, que seria homenageada com quatro espetáculos no Centro Cultural Banco do Brasil, no décimo ano de sua morte, no Rio: “Em um universo de divas mais ou menos tempestuosas, Elizeth foi um oceano pacífico querido por todos”. Mas a tranquilidade da cantora não se estendeu aos seus herdeiros e admiradores e a homenagem descambou para uma pendenga judicial. O Espetáculo Divina: 80 anos de Elizeth, foi montado sem a autorização do herdeiro Paulo Cesar Valdez, que na Justiça conseguiu suspendê-lo. Os advogados do CCBB conseguiram por meio de liminar que a peça fosse encenada com restrições. O CCBB e a Sarau Promoções, produtora do musical, tiveram de eliminar todas as imagens da cantora dos programas e galhardetes promocionais da peça.

Se Todos Fossem Iguais a Você, de Tom e Vinícius:


Na observação de João Máximo, a homenagem, justa, nem chegaria perto de apresentar o real valor da cantora: “Não se poderá constatar a grandeza de Elizeth pelos quatro shows. E por um simples motivo: só se dimensiona a arte de um cantor através de sua própria voz. Os shows podem ter roteiro de Sérgio Cabral, biógrafo de Elizeth; podem ter excelentes músicos (Maurício Carrilho, Paulo Sérgio Santos, Pedro Amorim, Leandro Braga); e podem ter competente time de cantoras (Zezé Gonzaga, Alaíde Costa, Áurea Martins, Soraya Ravenle). Mas não têm o principal: a voz de Elizeth”, escreveu no Globo. No Jornal da Tarde, o crítico Mauro Dias não economiza o verbo para pintar o retrato da cantora: “A Divina, foi uma das mulheres mais elegantes do Pais, no sentido mais amplo: tinha dignidade estampada na fisionomia, transparente na expressão, sublinhada no porte, acentuada no canto, no infalível bom gosto e acerto ao escolher o repertório e na forma de cantá-lo”. E ponto final.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Cesária Évora abandona a música

Diário Liberdade – É um dos referentes culturais da lusofonia. Aos setenta anos de idade, após 40 de carreira e com 24 trabalhos publicados. É por motivos de saúde.

A cantora chegou a França num estado de “grande debilidade”, de forma que a equipe médica que a segue em Paris ordenou o cancelamento da sua próxima digressão. Cesária decidiu então em conjunto com o seu produtor e agente, pôr terminar de maneira definitiva a sua carreira.

Os concertos e apresentações programados por Cesária Évora foram assim cancelados. Acaba, com 70 anos de idade, uma carreira que apenas pode ser classficada de histórica. Tem estado este ano a trabalhar num novo álbum, sucessor de “Nha Sentimento”, lançado em 2009.

Foto: Africa 21 Digital – Cesária Évora.















Natural do Mindelo, onde nasceu em 1941, Cesária Évora é considerada a «embaixadora da morna», música que transmite a melancolia das ilhas cabo-verdianas, tendo já editado 24 discos desde o primeiro de 1965. Évora encetou a sua carreira internacional na França, tornando-se a voz cabo-verdiana mais conhecida no mundo, e alternou a sua atividade artística com épocas de dificuldades pessoais, nas que chegou a abandonar a música.

Cesária Évora é embaixadora de boa vontade da Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Évora encetou a sua carreira internacional na França, tornando-se a voz cabo-verdiana mais conhecida no mundo. O ano passado, Cesária Évora foi homenageada no seu país, Cabo Verde, com um prémio carreira na gala do Cabo Verde Music Awards.

O fim da carreira da artista cabo-verdiana é manchete na mídia internacional. A lusofonia inteira fica com o seu património artístico imensamente enriquecido graças a estes mais de quarenta anos de trabalho de uma mulher única: Cesária Évora.





http://diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=19840:video-cesaria-evora-abandona-a-musica&catid=77:cultura-e-desportos&Itemid=86

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

As divas do rádio.

Livro  relembra  nossas grandes cantoras

Por Julio Cesar de Barros

 As eternas:  Nora Ney, Inezita Barroso e Isaurinha Garcia: divas do rádio


O livro

A editora Casa da Palavra acaba de lançar um livro que fará a festa dos saudosistas e servirá de iniciação dos mais jovens nos anos de ouro do rádio brasileiro. Trata-se de As Divas do Rádio Nacional – As vozes eternas da Era de Ouro, de Ronaldo Conde Aguiar. Ronaldo é autor do Almanaque da Rádio Nacional, um livro que já falava das divas da música brasileira, dos programas humorísticos hospedados naquela célebre emissora, dos astros das radionovelas. Na nova investida nesse veio riquíssimo da história do rádio, ele foca 14 cantoras que marcaram época no éter, como diriam os velhos locutores. Conta histórias, algumas muito conhecidas, outras pouco ou nada, dos bastidores do rádio e da vida das artistas. Um CD, que acompanha o livro, dedica uma faixa para cada uma das cantoras, em gravações originais de um de seus mais representativos sucessos. O livro nos conta como Dolores Duran iniciou-se na vida artística profissional cantando na boate Vogue, no Rio, aos 16 anos, e de sua morte prematura. Relembra o drama da separação de Dalva de Oliveira, do final de vida difícil das irmãs Batista. Nos fala do ambiente artístico dos anos 40 e 50, no qual um Rio de Janeiro provinciano expunha à curiosidade pública os menores atos e gestos dos grandes nomes do rádio. Seus dramas eram discutidos nos cafés e bondes. Suas vidas reviradas pelas candinhas da imprensa. Fofocas sobre a suposta tentativa de suicídio de Nora Ney, recém aparecida na cena artística com sua voz grave e suas interpretações dramáticas, ou de como Isaurinha Garcia, driblando os costumes, dava as cartas nas relações com o sexo oposto, se lixando para a moral hipócrita, e submissa numa relação conturbada com o tecladista pernambucano Walter Wanderley (1932-1986). Um livro delicioso para se ler ouvindo um disco excepcional, tanto pela qualidade das músicas e das interpretações quanto pela boa reprodução das faixas.







segunda-feira, 25 de julho de 2011

TETÊ ESPÍNDOLA

Tetê Espíndola cantora sul-matogrossense natural de Campo Grande é conhecida por seus agudos e erroneamente comparada a Kate Bush ou Yma Sumac.

É dona de uma carreira singular.

De uma família de artistas, a música entrou em sua vida através de tios trigêmeos que tocavam música erudita e da mãe, na sua infância, pois no Matogrosso da época havia racionamento de luz, e as 7 horas da noite, quando as luzes se apagavam ela entretinha os filhos cantando.

Começa a cantar entre 10 ou 12 anos, ganhando prêmios de melhor intérprete nos festivais locais.

Quando encontra a craviola, na adolescência ela descobre através das notas agudas do instrumento o seu agudíssimo.

Tempos depois já em São Paulo alertada por Hermeto Pascoal, de que quem tem um agudíssimo em geral também tem um gravíssimo, foi buscar suas notas baixas. Tetê é uma das raras cantoras que alcançam três oitavas.

O primeiro trabalho foi Tetê e o lírio selvagem, um trabalho com toda a família, com as composições e vozes de todo o grupo. Era o que eles estavam compondo no Matogrosso do Sul, inspirados pela natureza, a Chapada dos Guimarães, o Pantanal, um trabalho ecológico antes disto virar moda, denunciando o desmatamento e louvando a natureza. Desfeito o grupo ela parte para carreira solo e grava o Lp Piraretã, com composições de todos porém apenas a voz da Tetê. Ecológico como sempre seria a sua carreira.

Aparece nacionalmente no festival de 1981 cantando londrina de Arrigo Barnabé, a música independente é desclassificada, em um festival ligado as grandes gravadoras.

Depois de  Augusto de Campos assisti-la junto com Arrigo Barnabé no show Clara Crocodilo ele encantado com sua voz diz que ela tem pássaros na garganta, inspiração para uma música e título do próximo disco, apresentando mais suas composições autorais e instrumentação mais simples, calcado em cordas, violão e principalmente a sua craviola.

Participa em seguir do festival de 86 onde ganha o primeiro lugar com Escrito nas Estrelas. Segue-se a roda viva de shows, participações em programas de tv, e a gravação de um disco (gaiola) mais eletrônico, com guitarras elétricas, piano elétrico, etv, cercada das pressões de produtores e gravadoras.

Após este período ela resolve voltar aos trabalhos independentes e ter autonomia para fazer o que quiser. É quando sua vertente experimentalista aparece com mais força, ela grava Ouvir, um disco cheio de pios de pássaros usados não só como inspiração para compor, mas também como instrumentos, incluindo aí um dueto improvisado entre Tetê e o uirapuru, gravado na amazônia.

Depois deste segue-se só tetê, um trabalho de intérprete onde canta músicas que vão de Djavan a Lupicínio Rodrigues.

Em 1996 ela grava canção do amor, um disco em que comemora os 20 anos de seu encontro com a craviola, sendo este o principal instrumento do disco, onde ela grava as composições iniciais feitas pela família neste período de descobertas.

Depois grava um primeiro disco ao vivo com a irmã Alzira, Anahí. Onde revisitam o repertório ouvido na infância como  Ângela maria, guarânias  e etc.

Então sua voz atinge plateias internacionais, sendo conhecida na França, onde o compositor Philippe Kadosch a convida para mais um cd. Voz voix voice Trabalho experimental, onde ao invés de pássaros a sua voz é que é usada como instrumento, agudos, graves, distorções por computador, tudo está no disco.

Depois um trabalho em família, onde além dos irmãos, ela apresenta a nova geração da família para o Brasil, Espíndola canta.

Segue-se o cd Zencinema, onde ela canta o avesso, usando principalmente o grave, mostrando o outro extremo de sua voz.

Depois faz um disco onde ela assume seu lado de compositora, ainda que sempre tenha gravado músicas suas,seus discos sempre tem canções de outros artistas. Evaporar é um disco onde ela é a única compositora, gravado ao vivo no Matogrosso do Sul, mostra também os instrumentistas da região para o Brasil que  sempre teima em olhar apenas para o eixo Rio-São Paulo.

Seu último trabalho vai ao extremo do experimentalismo, gravado novamente na França com o compositor Philippe Kadosch Babeleyes é um disco onde a voz é novamente usada porem em músicas escritas não em português ou francês, mas em silabários compostos de línguas mortas ou em vias de extinção, passando pelos cuneiformes sumérios, pelo banto, até a língua dos índios inuit. Uma ousadia só possível porque foi feita por uma cantora que uma vez fez um show no teatro municipal de São Paulo sem microfone, ecológica chamada Tetê Espíndola.

Por Túlio P.




sexta-feira, 22 de julho de 2011

Disco de Chico Buarque narra crônicas em canções delicadas

Venha, Chico!

O álbum traz as poesias e crônicas de Chico Buarque, compositor, escritor e poeta de 67 anos em canções suaves e delicadas

Chico Buarque sorri acanhado na capa de seu novo disco. A foto em preto e branco, escrito apenas Chico, sugere um modelo de recato e melancolia em seu novo trabalho, que chega às lojas no próximo dia 22 de julho. Mas quem abre o digipack, admira-se ao deparar-se com tantas cores.

As letras das composições aparecem embutidas numa paleta de 20 tons que enfeitam o encarte sem qualquer imagem. E a simplicidade da arte e do título de seu novo trabalho também colorem as dez canções que compõem Chico, seu primeiro disco de inéditas desde Carioca (2006) –e do romance Leite Derramado (2009).



O álbum traz as poesias e crônicas de Chico Buarque, compositor,
escritor e poeta de 67 anos em canções suaves e delicadas


O álbum –que sai pela Biscoito Fino numa estratégia de divulgação online exclusiva para compradores do álbum em esquema de pré-venda, por R$ 29,90 no site www.chicobastidores.com.br– traz as poesias e crônicas do compositor, escritor e poeta de 67 anos em canções suaves e delicadas, que desfilam em gêneros diversos e pouco lembram a capa melancólica do álbum. Há, sim, variações que se prestam a um caráter reflexivo, mas não necessariamente taciturnas.

A já conhecida Querido Diário, que desde 20 de junho circula pela internet, abre o álbum com os relatos de Chico sobre as pessoas que o cercam (“hoje topei com alguns conhecidos meus”), as disfunções sociais (“hoje a cidade acordou toda em contramão”), as aflições (“hoje pensei em ter religião”), as relações (“hoje afinal conheci o amor”) e as pessoas que teme (“hoje o inimigo veio me espreitar”). “É um novo ‘Cotidiano’”, compara o próprio compositor com sua música de 1971.

A marchinha de vanguarda Rubato (roubado, em italiano), parceria com Jorge Helder e acompanhada por uma banda de coreto, vem na sequência descrevendo o roubo de uma composição de amor que é reciclada para homenagear diferentes amantes, numa alusão à especulação sobre identidade e autoria de seu romance Budapeste (2003). “Venha ouvir sem mais demora/ a nossa música/ que estou roubando de outro compositor”, ele canta.

O blues Essa Pequena introduz a paixão de um homem por uma moça mais nova, emoldurado por piano, violões, baixo acústico e violino. “Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas/ o blues já valeu a pena”, comemora na letra. Em Tipo Um Baião, Chico brinca com o andamento da canção ao recitar uma desilusão amorosa, e compara: “Meu coração/ que você sem pensar/ ora brinca de inflar/ ora esmaga/ igual que nem/ fole de acordeão/ tipo assim num baião/ do Gonzaga”.

A singela Se Eu Soubesse, uma espécie de chanson française, traz Chico dividindo versos com a cantora curitibana Thais Gulin, de 30 anos, sua suposta nova namorada. “Ah, se eu pudesse não caía na tua/ conversa mole, outra vez/ não dava mole à tua pessoa”, ele canta, até encontrar com a voz dela: “Mas acontece que eu sorri para ti/ e aí larari, lairiri, por aí”. A parceria não é exatamente original: Chico já havia cedido a canção –até então inédita– e sua participação para Thais lançar em seu segundo disco, “ôÔÔôôÔôÔ”, que saiu em abril.

A faixa 6, Sem Você 2, abre espaço para o andamento lasso jobiniano e a narração arrastada e triste de um amor que se foi. “Sem você/ é um silêncio tal/ que ouço uma nuvem/ a vagar no céu/ ou uma lágrima cair no chão/ mas não tem nada, não”, diz Chico, aqui sim tomado pelo desalento, na música com menos de três minutos de duração.

A tristeza é interrompida pelo samba de gafieira Sou Eu, canção que Chico escreveu com Ivan Lins e deu a Diogo Nogueira para o disco do novato “Tô Fazendo a Minha Parte” (2009), e que agora ganha a voz do compositor. Aqui, Chico convida Wilson Neves para se gabar de que “sou eu/ só quem sabe dela sou eu/ quem joga o baralho sou eu/ quem brinca na área sou eu”.

Nina, a valsa que ocupa a faixa 8 do álbum, fala de uma figura onírica na distante Moscou que incita o autor a viajar até a capital russa –ou ao menos a espiar a cidade em mapa virtual. “Nina diz que se quiser eu posso ver na tela/ a cidade, o bairro, a chaminé da casa dela”, ele canta, levado por um percurso de acordeão, arrematado por um acorde dramático de piano.

As confusões de memória do narrador de Leite Derramado recaem na graciosa Barafunda. “Era Aurora/ Não, era Aurélia/ ou era Ariela/ não me lembro agora/ é a saia amarela daquele verão/ que roda até hoje na recordação”, ele canta, lembrando que é carioca (“Foi na Penha/ não, foi na Glória”), evocando futebol (“Era Zizinho, era Pelé”) e terminando na companhia de “É Garrincha, é Cartola e é Mandela”.

A canção mais longa do disco, Sinhá, de quatro minutos, encerra o pouco mais de meia-hora de duração de Chico ao lado de João Bosco, num clima tão lírico quanto soturno da herança da escravidão permeado apenas por percussões e violões. “E assim vai se encerrar/ o conto de um cantor/ com voz do pelourinho/ e ares de senhor”, despede-se Chico em preto e branco.

14/7/2011 9:39, Redação, com Vermelho - de São Paulo


ESTREIA-'Filhos de João' bebe no espírito dos Novos Baianos

 O espírito libertário e a criatividade musical -- especialmente na mistura de ritmos brasileiros como frevo, baião e choro com o rock -- foram a marca registrada dos Novos Baianos, uma das mais famosas bandas dos anos 1960-1970. A memória do grupo, e também de uma época marcada por muitos enfrentamentos com a ditadura militar, ressurge no documentário 'Filhos de João - O Admirável Mundo Novo Baiano', de Henrique Dantas.


Vencedor do Prêmio do Júri e do Júri Popular do Festival de Brasília de 2009, o documentário estreia em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Vitória, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Porto Alegre e Campinas.

Depois de um flerte inicial com o rock, visível em seu primeiro disco, 'É Ferro na Boneca'(1970), o grupo vive uma guinada fundamental a partir do encontro com o compositor João Gilberto, então voltando de uma temporada nos EUA. Por causa desse contato, os jovens músicos redescobriram os ritmos brasileiros que entrariam na sua fórmula, mudando definitivamente seu rumo. Por isso, o documentário se chama 'Filhos de João'.

Curiosamente, João Gilberto é a maior das grandes ausências do filme. Apesar de reiteradas tentativas, ao longo dos penosos 11 anos que levou para finalizar a produção, o cineasta Henrique Dantas não conseguiu ouvir o compositor, mais uma vez honrando sua fama de difícil.

Falta ao filme, igualmente, uma entrevista com a única mulher do grupo, Baby Consuelo, vista apenas em imagens de arquivo. Mas aí a razão foi bem diferente. Baby foi entrevistada por Dantas e sua participação figurava na versão editada do filme até o momento em que a cantora fez exigências financeiras incompatíveis com o pequeno orçamento do diretor.

Outros integrantes foram bem mais generosos, caso de Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Galvão, Gato Félix, Bola Moraes, Paulinho Boca de Cantor e Charles Negrita, todos dando depoimentos longos e saborosos, permitindo reconstituir a trajetória da banda. Observações certeiras surgem, igualmente, das conversas com Tom Zé e Dadi, ex-integrante do grupo.

Entre as imagens de arquivo, algumas das mais curiosas foram filmadas em super-8, acompanhando o período em que o grupo viveu junto numa comunidade no interior carioca. Na época, lembram os integrantes, eles guardavam todo o dinheiro ganho nos shows sem contar, numa sacola, de onde quem precisava se servia.

Uma parcela razoável desse dinheiro foi gasta na aquisição de uniformes e bolas de futebol, já que vários integrantes dedicavam-se diariamente ao esporte -- com direito a partidas com a participação de profissionais como o tricampeão de 1970 Jairzinho. Moraes Moreira conta no filme que passou pela cabeça de alguns dos músicos inclusive largar tudo pelo futebol.

Desse rico painel evocado pelo documentário, visualiza-se uma época em que fica evidente a influência hippie, nesse viés libertário do comportamento da banda, o que lhe valeu não poucos problemas com as autoridades vigentes, em plena ditadura. E clareia-se, igualmente, a vibrante criatividade de vários integrantes dos Novos Baianos que, apesar de separados por problemas internos em 1974, continuam individualmente carreiras de expressão.

http://video.msn.com/?vid=b58d5b3e-a56d-4ddf-adfd-c607b23d4b4a&mkt=pt-br&src=FLPl:share:permalink:uuids

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

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