segunda-feira, 25 de julho de 2011

TETÊ ESPÍNDOLA

Tetê Espíndola cantora sul-matogrossense natural de Campo Grande é conhecida por seus agudos e erroneamente comparada a Kate Bush ou Yma Sumac.

É dona de uma carreira singular.

De uma família de artistas, a música entrou em sua vida através de tios trigêmeos que tocavam música erudita e da mãe, na sua infância, pois no Matogrosso da época havia racionamento de luz, e as 7 horas da noite, quando as luzes se apagavam ela entretinha os filhos cantando.

Começa a cantar entre 10 ou 12 anos, ganhando prêmios de melhor intérprete nos festivais locais.

Quando encontra a craviola, na adolescência ela descobre através das notas agudas do instrumento o seu agudíssimo.

Tempos depois já em São Paulo alertada por Hermeto Pascoal, de que quem tem um agudíssimo em geral também tem um gravíssimo, foi buscar suas notas baixas. Tetê é uma das raras cantoras que alcançam três oitavas.

O primeiro trabalho foi Tetê e o lírio selvagem, um trabalho com toda a família, com as composições e vozes de todo o grupo. Era o que eles estavam compondo no Matogrosso do Sul, inspirados pela natureza, a Chapada dos Guimarães, o Pantanal, um trabalho ecológico antes disto virar moda, denunciando o desmatamento e louvando a natureza. Desfeito o grupo ela parte para carreira solo e grava o Lp Piraretã, com composições de todos porém apenas a voz da Tetê. Ecológico como sempre seria a sua carreira.

Aparece nacionalmente no festival de 1981 cantando londrina de Arrigo Barnabé, a música independente é desclassificada, em um festival ligado as grandes gravadoras.

Depois de  Augusto de Campos assisti-la junto com Arrigo Barnabé no show Clara Crocodilo ele encantado com sua voz diz que ela tem pássaros na garganta, inspiração para uma música e título do próximo disco, apresentando mais suas composições autorais e instrumentação mais simples, calcado em cordas, violão e principalmente a sua craviola.

Participa em seguir do festival de 86 onde ganha o primeiro lugar com Escrito nas Estrelas. Segue-se a roda viva de shows, participações em programas de tv, e a gravação de um disco (gaiola) mais eletrônico, com guitarras elétricas, piano elétrico, etv, cercada das pressões de produtores e gravadoras.

Após este período ela resolve voltar aos trabalhos independentes e ter autonomia para fazer o que quiser. É quando sua vertente experimentalista aparece com mais força, ela grava Ouvir, um disco cheio de pios de pássaros usados não só como inspiração para compor, mas também como instrumentos, incluindo aí um dueto improvisado entre Tetê e o uirapuru, gravado na amazônia.

Depois deste segue-se só tetê, um trabalho de intérprete onde canta músicas que vão de Djavan a Lupicínio Rodrigues.

Em 1996 ela grava canção do amor, um disco em que comemora os 20 anos de seu encontro com a craviola, sendo este o principal instrumento do disco, onde ela grava as composições iniciais feitas pela família neste período de descobertas.

Depois grava um primeiro disco ao vivo com a irmã Alzira, Anahí. Onde revisitam o repertório ouvido na infância como  Ângela maria, guarânias  e etc.

Então sua voz atinge plateias internacionais, sendo conhecida na França, onde o compositor Philippe Kadosch a convida para mais um cd. Voz voix voice Trabalho experimental, onde ao invés de pássaros a sua voz é que é usada como instrumento, agudos, graves, distorções por computador, tudo está no disco.

Depois um trabalho em família, onde além dos irmãos, ela apresenta a nova geração da família para o Brasil, Espíndola canta.

Segue-se o cd Zencinema, onde ela canta o avesso, usando principalmente o grave, mostrando o outro extremo de sua voz.

Depois faz um disco onde ela assume seu lado de compositora, ainda que sempre tenha gravado músicas suas,seus discos sempre tem canções de outros artistas. Evaporar é um disco onde ela é a única compositora, gravado ao vivo no Matogrosso do Sul, mostra também os instrumentistas da região para o Brasil que  sempre teima em olhar apenas para o eixo Rio-São Paulo.

Seu último trabalho vai ao extremo do experimentalismo, gravado novamente na França com o compositor Philippe Kadosch Babeleyes é um disco onde a voz é novamente usada porem em músicas escritas não em português ou francês, mas em silabários compostos de línguas mortas ou em vias de extinção, passando pelos cuneiformes sumérios, pelo banto, até a língua dos índios inuit. Uma ousadia só possível porque foi feita por uma cantora que uma vez fez um show no teatro municipal de São Paulo sem microfone, ecológica chamada Tetê Espíndola.

Por Túlio P.




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