quarta-feira, 9 de junho de 2010

A mineira Roberta Campos lança o disco Varrendo a lua

Adepta do pop, ela homenageia o Clube da Esquina. Cantora chamou a atenção em 2008 com álbum divulgado na internet


A cantora Roberta Campos começou se apresentando na noite, fez parte da banda Poptrote, de Sete Lagoas, mudou-se para São Paulo e agora se dedica à carreira solo

Em 2008, ao jogar na rede mundial de computadores Para aquelas perguntas tortas, disco artesanal de 16 faixas (duas como bônus), Roberta Campos acabaria abrindo o tão sonhado caminho para a carreira fonográfica solo autoral, que estreia na Deckdisc com Varrendo a lua. Produto de contrato assinado com a gravadora independente carioca, o álbum surgiu depois que a cantora mineira, radicada em São Paulo, levou cópia da demo para uma rádio paulistana. Para surpresa de Roberta, a emissora começou a tocar a canção que virou a faixa-título do CD.


“O processo foi tão rápido que fiquei assustada. Assim que apresentaram o disco para a Deck, me ligaram e logo depois estava assinando contrato”, comemora Roberta Campos, nascida, não por acaso, em Caetanópolis e criada em Paraopeba. Separadas apenas por uma ponte, as duas cidades mineiras revelaram ao Brasil a inesquecível Clara Nunes. Apesar da origem comum, o trabalho de Roberta não tem nada a ver com o da conterrânea. “Ouvia muito a Clara na minha infância, por causa de minha mãe. Mas nossos estilos são completamente diferentes”, destaca a intérprete, que, mesmo sob forte influência do Clube da Esquina, acabou optando pela música pop.

Do violão, em que começou a tirar os primeiros acordes ainda adolescente, nasceram as canções de Varrendo a lua. Segundo Roberta, cada música do disco foi escolhida porque uma completa a outra. “Trata-se de mensagem dividida em histórias, em momentos, mas em um único amor”, esclarece. À mais antiga, Acabou, de 1998, seguiu-se De janeiro a janeiro, do ano seguinte. As outras foram compostas mais recentemente. Única faixa não autoral do CD, Quem sabe isso quer dizer amor, de Lô e Márcio Borges, ganha leitura apropriada diante da única gravação, por Milton Nascimento, no álbum Pietá, de 2003.

Trata-se, com certeza, de uma das mais belas criações dos irmãos Borges, canção que Roberta jurava ser de autoria do próprio Milton. “Sou fã do Clube da Esquina”, diz a intérprete, que sempre ouviu muito Milton, Lô e Beto Guedes, além de Elis Regina, Maria Monte, Pato Fu, Beatles, Joni Mitchel e Rufus Wainwright. Coincidentemente, na época em que conheceu Quem sabe isso quer dizer amor, Roberta lia Os sonhos não envelhecem – A história do Clube da Esquina, de Márcio Borges, e Travessia – A história de Milton Nascimento, da jornalista Maria Dolores.

INFLAÇÃO

Longe de se assustar com o concorrido mercado musical brasileiro, hiperinflacionado de cantoras, Roberta atribui o fato à ascensão da mulher em todos os setores da sociedade. A carreira da intérprete mineira começou na noite, em apresentações à base de voz e violão, até que passou a integrar a banda Poptrote, de Sete Lagoas, da qual saiu em 2002. Em agosto de 2004, o casamento acabou levando-a para São Paulo, onde permanece com boas perspectivas de carreira solo. Os primeiros shows de lançamento de Varrendo a lua estão previstos para julho, depois da Copa.

Ailton Magioli - EM Cultura

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