sexta-feira, 4 de março de 2011

Maria Bethânia se apresenta no Teatro Dom Silvério em março

Tudo começou em Belo Horizonte, há cerca de dois anos, quando a intérprete foi convidada pela professora e escritora Lúcia Castello Branco para participar de uma leitura de textos no Ciclo de Conferências Sentimentos do Mundo, no câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O evento também recebeu David Lynch, Danielle Mitterrand e Arnaldo Antunes. De lá para cá, ainda que a cantora tenha lançado dois belos discos, não se fala em outra coisa: Bethânia e as palavras, o projeto especial da baiana que será retomado com apresentações na capital mineira (18, 19 e 20 de março), além de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Em BH, os ingressos começarão a ser vendidos amanhã.


Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Ramos Rosa, Sophia de Mello Breyner, José Craveirinha, Padre Antônio Vieira, Caetano Veloso, Fausto Fawcett e Ferreira Gullar estão no programa do recital, entremeado por trechos de conhecidas canções brasileiras e portuguesas – como ABC do sertão (Luiz Gonzaga), Romaria (Renato Teixeira), Estranha forma de vida (Amália Rodrigues) e Dança da solidão (Paulinho da Viola). O espetáculo conta com a colaboração de Hermano Vianna, de Elias Andreatto, do violonista Jaime Alem e do percussionista Carlos César. A produção negocia sua apresentação no Festival de Inverno da UFMG, em Diamantina, em julho.


Fã da cantora, Lúcia Castello Branco conta que aprendeu a ler Clarice Lispector por meio da intérprete baiana. “É uma das vozes mais bonitas que nós temos. Bethânia canta com a alma, mas sou fã dela como leitora de textos”, diz Lúcia, salientando que não por acaso a escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol chamou a atenção para o fato de a brasileira ser “cantora de leitura”. A convivência de Lúcia com Maria Bethânia é anterior ao Ciclo Sentimentos do Mundo. Em 2006, a professora da UFMG e Gabriel Sanna dirigiram o documentário Língua de brincar. Lúcia também fez o documentário Mar interior, ainda inédito, que relata a relação da cantora com a literatura.


A ligação de Maria Bethânia com a palavra remonta à infância. Desde os tempos de colégio em Santo Amaro da Purificação, quando o professor Nestor Oliveira lhe ensinou a ouvir poesia, assim como ao irmão Caetano Veloso. Mais tarde, ela acabou levando os textos para o palco, incorporando-os definitivamente a seu repertório. Em BH, na estreia de Sentimentos do Mundo, a cantora fez uma espécie de memorial da própria carreira, recitando de Fernando Pessoa a Manoel de Barros, passando por Jorge Portugal, Ascendino Ferreira e Maria Gabriela Llansol. Bethânia intercalou a leitura com a interpretação de algumas canções.

O maestro Jaime Alem diz que um dos diferenciais de Bethânia e as palavras é a falta de compromisso da intérprete com a cena. “Ali, ela pode ler à vontade”, explica Alem, salientando que plateias geralmente menores do recital possibilitam maior proximidade da artista com o público. “Por nada ser cronometrado, ela acaba ficando mais solta”, afirma. Depois da estreia na capital mineira, onde cantou a capela, Bethânia acabou sentindo falta de música. O espetáculo, que já foi apresentado em Portugal, ganhou violão e percussão.




BETHÂNIA E AS PALAVRAS




Belo Horizonte


18, 19 e 20 de março – Teatro Dom Silvério, Avenida Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi. Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), à venda a partir de amanhã. Quem doar um livro em bom estado de conservação terá direito a meia-entrada. Informações: (31) 3209-8989


São Paulo


29, 30 e 31 de março




Curitiba


26 e 27 de abril




Porto Alegre


30 de abril e 1º de maio

Ailton Magioli -

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário e após avaliarmos publicaremos-o.