sábado, 27 de novembro de 2010

30 anos sem Cartola‏




Salve Salve Cartola!


Agenor de Oliveira foi, para muitos, o maior compositor de samba de que já se teve notícia. Carioca do Catete, morou ainda na infância no bairro das Laranjeiras, até que, aos 11 anos, mudou-se com a família para o ainda incipiente Morro da Mangueira. Naquele lugar começaria a se inscrever, alguns anos depois, a força indiscutível de um talento, de um artista desde sempre talhado a exercer sua arte, arte esta que passa ao largo de classe social, grau de escolaridade e outros ínterins.
Assim, enquanto trabalhava como pedreiro (ofício em que acabou ganhando o apelido de Cartola, pois usava um chapéu coco para proteger o cabelo do cimento que caía), tornou-se parceiro e amigo de Carlos Cachaça (que o introduziu no samba e na malandragem do morro) e acabou fundando, junto deste e mais cinco, em 1928, a Estação Primeira de Mangueira.


Entre as décadas de 20 e 30, tornou-se compositor reverenciado por nomes como Mário Reis, Francisco Alves (intérprete mais popular da época) e Silvio Caldas. Em seguida, passou anos afastado do morro e dos amigos, chegando a ser dado como morto. Em 1957, foi encontrado pelo jornalista Stanislau Ponte Preta, que começou a promovê-lo. Daí em diante, viriam o Zicartola, os quatro discos da vida e, enfim, o reconhecimento. As seleção das canções de Viva Cartola! 100 anos contempla as várias facetas da verve criativa do lendário sambista: Basta de Clamares Inocência (Mart’nália) gravação inédita, feita especialmente pra esse disco; Todo Tempo Que eu Viver (Paulinho da Viola, As Meninas da Mangueira e Cartola), gravada em 77, que aparece no álbum Tom da Mangueira; Tive Sim (Luiz Melodia), presente em Estação Melodia; O Mundo é um Moinho na versão de Tira Poeira e Pedro Miranda (do primeiro álbum do grupo, Tira Poeira); na voz de Elton Medeiros, estão Partiu e Sofreguidão (esta composta com Elton).

Entre as parcerias estão Festa da Penha (com Adalberto Alves de Souza), gravada por Marcos Sacramento em Sacramentos; Sem Saudades (cuja melodia temporã foi feita por Francis Hime depois da morte de Cartola), num duo de Zélia Duncam e Francis em Arquitetura da Flor; Não Quero Mais Amar a Ninguém (com Carlos Cachaça e Zé da Zilda), na voz de Olivia Byington em A Dama do Encantado; Camarim (com Hermínio Bello de Carvalho), na voz de Elizeth Cardoso e no violão insuperável de Rafael Rabello. Completam o disco as versões instrumentais para Amor Proibido (em releitura de Zé Paulo Becker) e As Rosas não Falam (Marco Pereira e Gabriel Grossi).


Ainda na  década de 1930, vendeu os direitos de gravação de vários sambas, como Divina Dama e Qual Foi o Mal que Eu te Fiz?, lançados por vários intérpretes. Desapareceu nos anos de 1940, só retornando ao meio artístico em 1959, quando foi encontrado, pelo jornalista Sérgio Porto, na rua trabalhando como lavador e guardador de carros no bairro de Ipanema. Mais tarde, investindo na batalha para levar o samba do morro às ruas da cidade, abriu, junto com Eugênio Agostine e sua mulher Dona Zica, o bar Zicartola, que se tornou no mais badalado ponto de encontro de sambistas cariocas. Cartola convidava gente como Elizeth Cardoso, Cyro Medeiros e o trio Pixinguinha, Donga & João da Baiana para cantar no bar a música de "pouco valor" (dialeto sambeiro de então).


Sua aceitação no mercado fonográfico só ocorreu nos anos de 1960 e 1970, quando conheceu um pouco de popularidade e gravou músicas como O Sol Nascerá, Autonomia, O Mundo É um Moinho, Tive Sim, Divina Dama, Quem me Vê Sorrir. Gravou seu primeiro LP somente em 1974, aos 66 anos, e, mesmo vivendo em grandes dificuldades financeiras, compôs e cantou até morrer, aos 72 anos.

Com apoio do Biscoito Fino

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