segunda-feira, 26 de julho de 2010

UMA MÚSICA-DENÚNCIA QUE A MÍDIA MENOSPREZOU

UMA MÚSICA-DENÚNCIA QUE A MÍDIA MENOSPREZOU

Por: Prof. João Valente de Miranda

Seja na voz de Vanusa ou de outros intérpretes, aquela canção maravilhosa não foi tão bem divulgada quanto merecia, pelos benefícios incalculáveis que ensejaria a esta geração.

 

Em 1980 uma canção abalou o cenário nacional com uma poesia contundente, cuja denúncia poderia ter contribuído para anular ou minimizar os efeitos da toxicomania generalizada desta nova geração, já quase sem rumo e sem orientação de uma das fontes que mais se ouve, a música popular. Ao contrário, as músicas de hoje até influenciam negativamente, ou podem estar sendo veículo de perdição para aqueles que quer conquistar como compradores de CDs e DVDs musicais. Com a chegada do "crack", uma macabra ironia pode estar à vista, isto é: na ânsia de vender discos, os cantores populistas modernos (sobretudo do Forró eletrônico e do axé comercial) poderão não ter mais público daqui há alguns anos, e isto não pela concorrência da pirataria e/ou da Internet, mas pela morte precoce de seus potencias comprovadores.

O parágrafo acima se refere à canção "Droga Maldita", que a interpretação de Vanusa deu um colorido todo especial pelo talento nato da cantora cruzeirense (de Cruzeiro-SP). Se o leitor ouvir bem esta canção (em breve no Youtube), poderá perceber até o grau de revolta expressado na voz da cantora, o qual sem dúvida pode indicar alguma vivência trágica com as drogas em parentes ou amigos próximos, a qual feriu ou pranteou severamente a sua alma. Com letra composta por Márcio Antonucci, creio que ninguém interpretou melhor tal composição do que a própria compositora, a então jovem Vanusa Santos Flores, que chegou, inclusive, a citar nomes de artistas e colegas que a droga levou (ao contrário daquele com que seu nome rima, o Cazuza, que em muitas ocasiões chegou a fazer até apologia às drogas, coitado, certamente já influenciado por elas!).

Saber por que a mídia não explorou mais esta canção pode fazer surgir um hediondo ‘mistério', do tipo que dá nojo ao término de uma investigação isenta. Se não houver uma resposta satisfatória e justa ao final, o caso pode estar escondendo a idéia de uma virtual conivência da mídia com o submundo do tráfico de entorpecentes, a qual beira a um delírio conspiracionista (e nem por isso falso) dos mais aterradores já ouvidos. Com efeito, pergunte o leitor: poderia ‘o grosso' da mídia global ter alguma relação com as vultosas verbas que sustentam o tráfico internacional de drogas? Poderia algum ou alguns dos governos do mundo ter interesse em manter secretamente a toxicomania como meio de recebimento de impostos e manutenção do padrão de vida elevado dos seus "chefões"? Ou então cometeriam tal crime para encobrir outro crime, a saber: contar com verba farta para projetos militares secretos relativos a expansionismos ou "armamentos dissuasórios definitivos"?... Somos obrigados a responder que nada sabemos a esse respeito, até por causa da colossal cortina de fumaça levantada para esconder tais projetos; todavia não há como negar que são hipóteses bastante plausíveis. Duro de saber. Duro de pensar. Vamos em frente.

Repassemos a letra daquela pérola do cancioneiro nacional. Ei-la:

"DROGA MALDITA": << Eu falo/Pela boca de todas as mães/Que acordam de noite assustadas/Sem saber o futuro dos filhos/Diante das facilidades. – Se a tevê/Já não tem mais censura/E os nossos ídolos/levantam bandeiras/Que arrastam os jovens/Pela estrada do vício/Da ilusão e do sonho. – Ninguém vê/Que os jornais e as revistas/Só nos mostram os crimes/De total violência/E a conseqüência da dependência/Desta droga maldita/Contra a humanidade.

Eu falo/Pela boca de todos os jovens/Que acordam um dia assustados/Sem saber porque se perderam/Diante das facilidades. – Se eles vêem/Que ninguém mais os censuram/E os seus ídolos/permanecem calados/Aos que arrastam os jovens/Pela estrada do vício/Da solidão e do medo; /Pois eu falo/Em nome dos jovens/Que um dia partiram/Ou se perderam/Na experiência/na total dependência,/Sem saber que a viagem/Quase nunca tem volta.

Procura-se, procura-se,/O que matou nossos jovens (Aracelli);/ Procura-se,/Aquele som de batera (Vítor Manga); /Procura-se, procura-se/O que drogou nossos ídolos (Jimi Hendrix)/ E continua a matar tanta gente/Procura-se, recompensa-se bem/O que assassinou/Cláudia Lessin e Janis Joplin. >>

Há vários trechos antológicos, que o tempo jamais deveria apagar. O PRIMEIRO TRECHO diz que ela mesma, Vanusa, está falando pela boca das mães que "não sabem o futuro dos filhos" (atenção aqui) DIANTE DAS "FACILIDADES". Os maiores estudiosos da pós-modernidade apontam as tais facilidades como a grande alavanca para a alienação e perdição da juventude. E é compreensível: quem não gosta de facilidades? Os jovens então, agora mal-acostumados a ter todo o apoio e dinheiro dos pais (que não mais ralham nem repreendem), acabam ficando 100% despreparados para enfrentar o mundo, e no primeiro sinal de dificuldade debandam e vão para a bebida, para as ‘drogas malditas' e até para o suicídio. Facilidade é viver irresponsavelmente, sem cuidado com os riscos a si e a outrem, com dinheiro para comprar e fazer tudo o que vier na telha, e esta mistura em quem ainda não amadureceu é um verdadeiro paiol de pólvora. O SEGUNDO TRECHO diz que "já não há mais censura", e a mídia (TV, jornais e telejornais) só mostram os crimes de total violência – contribuindo com a banalização da morte e da vida – e estimulando a crença individual de que o Homem é mau, o mundo é mau, ninguém presta, que todos temos os piores inimigos e que o certo é fazer justiça com as próprias mãos, reforçando a corrente de "violência gera violência" e promovendo o contrário da "Corrente do Bem". A falta de censura aqui não se restringe somente à Oficial, institucionalizada na Lei. Fica implícita também na educação sem "nãos", na permissividade a tudo, na escola sem reprovação, na aprovação sem qualificação, etc., formando o quadro geral de caos em todas as áreas da sociedade. Estavam certos os que imaginaram o historiador do futuro pesquisando o final do Século XX e início do XXI e concluindo: "Devemos durar bem mais do que a geração passada, pois já descobrimos o que leva uma civilização à auto-destruição". O TERCEIRO TRECHO deve ter sido aquilo que motivou o silêncio da mídia sobre a música e até um certo ar de menos valia que reinou em torno de Vanusa nos anos posteriores ao lançamento do hit, e o leitor vai entender agora. Diz o trecho: "E os nossos ídolos/levantam bandeiras/Que arrastam os jovens/Pela estrada do vício/Da ilusão e do sonho. [...] E os seus ídolos/permanecem calados/Aos que arrastam os jovens/Pela estrada do vício/Da solidão e do medo". Ora, os compositores estão aqui dizendo que os próprios ídolos (os artistas, os cantores, os atores da TV) defendem as drogas – e por conseqüência os traficantes – quando dizem que a maconha faz menos mal que o cigarro ou que nem chega a fazer mal, esquecendo-se ou omitindo que a maconha tem o grande mal de conduzir a outras drogas mais pesadas, tal como a cerveja pode conduzir para a cachaça e assim por diante. Vimos isso mesmo em discursos atribuídos a Cazuza e a outras ditas "celebridades" (no vazio do conceito moderno) que não têm o menor senso de responsabilidade para com os seus ouvintes, mormente a juventude, e sobretudo a juventude de periferia, para a qual o ídolo é mais idolatrável exatamente quando demonstra ser usuário e muitas vezes traficante.

No final a canção pergunta, belissimamente: "Quem matou nossos ídolos? Quem matou nossos jovens e continua a matar tanta gente? Recompensa-se bem o que assassinou Cláudia Lessin e Janis Joplin"... Então quem é o grande Mal? Quem é o assassino que matou essa gente? É a droga maldita, que é uma arma contra (toda) a Humanidade. E veja que a letra diz "recompensa-se bem", porquanto nada neste Planeta é mais bem remunerado do que o tráfico e seus chefões, cuja fortuna se está hoje a suspeitar como financiadora de coisas muito mais mortais e nojentas do que o submundo que transparece nas ‘cracolândias' e na mídia, o qual, como um boi de piranha, é bem propalado para desviar nossos olhos da boiada que passa tranqüila ao longe.

 

................................................................Prof. João Valente de Miranda (eatjvs@gmail.com).

 

SUBTÍTULO: DROGA MALDITA É CALAR A DENÚNCIA DE "DROGA MALDITA".

Perfil do Autor

João Valente de Miranda é bacharel em Administração de Empresas, com pós-graduação em O&M. É bacharel em Teologia, com licenciatura plena em Ciências da Religião. É técnico em desenho de arquitetura, telefonia, mixagem musical e editoração de som. É pesquisador de paraciências e ufólogo, poeta e ex-articulista de jornais de circulação no Nordeste. É atualmente assistente administrativo do Instituto de Estudos, Pesquisas e Projetos da Universidade Estadual do Ceará.

(Artigonal SC #2830791)

Fonte do Artigo - http://www.artigonal.com/musica-artigos/uma-musica-denuncia-que-a-midia-menosprezou-2830791.html

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