sexta-feira, 30 de julho de 2010

Nelson Sargento pondo o samba pra dançar

Aos 77 anos, o mangueirense Nelson Sargento é um dos totens do samba carioca, um dos grandes símbolos do que há de melhor e mais digno no gênero. Em atividade constante, Nelson é violonista, cantor, compositor, poeta, ator, escritor, pintor - os temas de seus quadros são, naturalmente, o cotidiano do morro, as festas populares, as rodas de samba que nunca abandonou.
Sua música mais conhecida é o hino Agoniza mas não Morre, composto naquela época dos anos 70 em que a morte do samba havia sido decretada (como vinha sendo decretada antes e continua hoje, até em teses acadêmicas). Boas rodas de bambas, em algum momento da noite, cantam os versos famosos.



Nascido no dia 25 de julho de 1924, Nelson Sargento começou a tocar tamborim aos 10 anos, no Salgueiro - passou parte da infância e juventude na Tijuca, quase ao lado da escola. Mais tarde iria para a Mangueira, levado pelo padrasto, o mangueirense histórico Alfredo Português. Aprendeu violão com Cartola e Nelson Cavaquinho. No início dos anos 60, atuava no conjunto titular do restaurante Zicartola, no centro do Rio - casa de comida e samba comandada por Cartola e Dona Zica. Integrou o conjunto Rosa de
Ouro, que acompanhou Clementina de Jesus na estréia dela - os outros integrantes eram Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e Anescarzinho do Salgueiro.

A essa turma se juntou, pouco depois, o compositor Zé Kéti, e o grupo mudou de nome: passou a ser A Voz do Morro. Outra modificação na formação e tivemos Os Cinco Crioulos, que chegou a gravar três discos, para a RGE, ainda nos anos 60. A discografia de Nelson Sargento é pequena e formidável. Flores em Vida é, na verdade, o segundo CD que faz só com músicas suas. O título faz referência a uma homenagem em forma de samba que recebeu dos admiradores Moacyr Luz e Aldir Blanc: Flores em Vida para Nelson Sargento. Para que ele não se visse obrigado a lamentar, como outro Nelson, o Cavaquinho, que as flores só viriam depois da morte. Para Sargento, hoje, têm sido muitas as flores. Vinda longa ao mestre.

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